Florestal Santa Maria conserva biodiversidade e foca em projetos sociais em área de alta pressão de desmatamento na Amazônia Legal

Um dos principais projetos de carbono do Brasil, Florestal Santa Maria teve a nova linha de base e o monitoramento auditados com êxito e retomou a certificação FSC

 

O Florestal Santa Maria é hoje um dos principais projetos da Systemica. Localizado em uma área de intensa pressão de desmatamento, no norte do estado do Mato Grosso (área compreendida na Amazônia Legal), o projeto REDD+ é um dos mais antigos do Brasil, reunindo mais de 70 mil hectares de florestas nativas conservadas. O projeto é essencial para a região, desempenhando um papel fundamental na conservação da fauna e flora amazônicas. A Systemica assumiu a execução técnica do projeto no ano de 2020, e desde então tem se dedicado para aprimoramento do projeto e suas atividades, prezando pela integridade socioambiental a partir de embasamento científico e transparência.

“Este é um projeto de desmatamento não planejado, AUD, inicialmente desenvolvido por outra empresa e que, na sequência, foi atribuído à Systemica, simultaneamente a compra da propriedade pela empresa Caraguá. A Systemica reavaliou a linha de base do projeto, trazendo melhorias em relação aos cálculos e uma robustez de análise. Também fizemos uma grande reformulação na questão social, algo essencial para o sucesso desse tipo de projeto”, explica o engenheiro ambiental Ricardo Zwarg, coordenador do projeto dentro da Systemica.

A partir do longo histórico e do grande esforço da Systemica, “o projeto já tem uma enorme bagagem de trabalho e conhecimento, além de um engajamento importante de todos os atores envolvidos. Os stakeholders estão muito interessados no projeto, especialmente agora após suas atualizações técnicas e sociais. É um projeto muito resiliente e que foi auditado há pouco tempo. No momento ele é um projeto VCS, que está adquirindo a qualificação CCB. A Systemica está trabalhando para obter um padrão ouro em biodiversidade e clima”, analisa Bibiana Duarte, Diretora Técnica de Projetos de Carbono da Systemica.

No final de 2022, o projeto foi auditado por uma terceira parte, a empresa Earthood, como parte do processo de verificação dos resultados do projeto nos anos de 2019 a 2022.

Outra novidade a partir da entrada da Systemica foi a retomada da certificação FSC. A antiga gestão do projeto havia perdido essa certificação, que atesta que todas as atividades de manejo acontecem da forma mais responsável possível. A recertificação foi possível por meio da capacitação dos funcionários e de todo o corpo de trabalhadores, mantendo o manejo de baixo impacto.

Todas as dúvidas sobre o projeto podem ser consultadas no nosso FAQ.

Contrapartidas sociais

Um fator importante dentro do mercado voluntário de carbono é o comprometimento real dos desenvolvedores com as comunidades locais e as contrapartidas sociais. Quando a equipe da Systemica chegou no território para analisar a situação em 2020, a primeira medida foi estabelecer uma relação de confiança com as comunidades e entender quais as necessidades reais em temas como educação, saúde, acesso à informação e questões de governança.

“Assim que entramos, logo iniciamos o diagnóstico da comunidade que está nos arredores. Queríamos entender a dinâmica social da região. Em paralelo, instituímos diversas atividades sociais, entre elas uma em parceria com a Secretaria de Saúde do município de Colniza, que tem por objetivo melhorar a situação da saúde doméstica local: em parceria com o SUS, vamos até o assentamento para que eles participem de testes rápidos, tenham acesso a um clínico geral, vacinação e palestras de conscientização. Tudo isso já está acontecendo. Estamos tendo muita adesão e diálogo com a comunidade, especialmente em temas como saúde comunitária”, explica Ricardo.

Na região do projeto está o Assentamento Perseverança Pacutinga, com 165 famílias, e a atuação da Systemica prevê a promoção de atividades de benfeitorias desenvolvidas a partir dos seguintes ODS: saúde e bem-estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; emprego digno e crescimento econômico; indústria, inovação e infraestrutura; redução de desigualdades; consumo e produção responsáveis; combate às mudanças climáticas; vida sobre a terra e parcerias e meios de implementação.

Além das ações relacionadas à saúde, a partir da entrada da Systemica, membros das comunidades locais receberam treinamentos de primeiros socorros e foi criada uma brigada anti-incêndio, fundamental para a mitigação dos impactos dos incêndios na região do projeto.

“Fizemos uma formação e capacitação da comunidade local para combater e identificar possíveis focos de incêndio nos territórios. Além do monitoramento e brigada gerarem empregos diretos, as nossas capacitações estão sempre abertas para o público geral, qualquer pessoa da região que demonstrar interesse pode participar. Em abril de 2023, realizamos um novo treinamento na parte da brigada de incêndio. Além dos treinamentos, o projeto conta com a a estrutura de maquinário e equipamentos, como caminhão pipa, motosserras, etc, para evitar e combater incêndios de grandes portes na região, não só na área do projeto”, explica Ricardo.

Proteção da biodiversidade

Um dos principais objetivos do projeto Florestal Santa Maria é proteger a biodiversidade local, dada sua grande riqueza de fauna e flora. Para isso, foram instaladas 20 armadilhas fotográficas em dez pontos estratégicos, que capturam imagens 24h por dia. A partir da recuperação do território, é possível a aparição de onças-pintadas, jaguatiricas, antas e veados.

“Realizamos recentemente um inventário de fauna e flora, fazendo um levantamento de todas as espécies presentes na área do projeto. Esse primeiro inventário mapeou as espécies em situação de vulnerabilidade, e agora estamos em uma segunda fase, monitorando as espécies com risco de extinção. Ao longo do tempo, esperamos que a fauna da região se recupere, e para acelerar esse processo estamos realizando atividades de conscientização social sobre a importância da preservação não só dos animais como da vegetação local. Estamos também prospectando parceiros que nos ajudem a levar esse aspecto educativo para as escolas da região”, completa Ricardo.

Manter a floresta em pé e cuidar da biodiversidade requer também a instalação de um projeto de monitoramento. No momento, a Systemica organizou patrulhamento e monitoramento remoto das áreas do projeto via satélite, contemplando as bordas do território. O patrulhamento é realizado em sete bases estrategicamente colocadas, acessadas por funcionários responsáveis por proteger o território.

Pecuária Vertical de baixo carbono

Ao realizar o diagnóstico social em FSM, a Systemica também identificou a oportunidade  de implementar atividades consultivas relacionadas a pecuária de baixo carbono, uma vez que este é um dos grandes vetores de desmatamento da região e fonte de renda de grande parte dos moradores do Assentamento Perseverança Pacutinga. Com isso, foi implementada uma atividade de capacitação técnica de pecuária vertical, uma parceria com a empresa Campo S.A. De acordo com Ricardo, capacitar a atividade pecuária reduz o risco de desmatamento no projeto e em sua vizinhança.

“O assentamento é praticamente voltado para a pecuária. Existe muita pastagem nos arredores do projeto, e nesse sentido apoiamos produtores com atividades de capacitação técnica, para que eles possam aumentar sua produtividade em campo, evitando então a abertura de novas áreas para pastagens. Isso pode se dar em atividades como identificação dos pastos degradados, entendimento da hora de manejar seu pasto, de colocar o gado para pastar, etc. A própria atividade de pecuária vertical também visa trazer capacitação na gestão financeira, olhando não só para as questões técnicas associadas essenciais para o incremento de renda para os moradores da região”, explica.

Hoje existem 12 beneficiários do programa de pecuária vertical, e a intenção é que a longo prazo todos os pecuaristas tenham sua receita maximizada. O projeto também visa evitar o desmatamento, para que esses donos de terra não levem atividades possivelmente exploratórias para outros territórios. “O grande vetor do desmatamento é a pecuária, e isso acontece e muito na região do projeto, como é facilmente percebido ao visualizarmos o histórico das imagens de satélite. Em um projeto como esse, olhamos o que aconteceria sem ele, que boa parte da área iria virar pastagem”, conta Ricardo.

Manejo Florestal Sustentável

Além do projeto REDD+, a propriedade conta com o manejo florestal sustentável, certificado pelo FSC e responsável por gerar empregos, renda e capacitação na área.

“O manejo florestal sustentável gera renda e evita vazamento. Esse conceito é associado ao tipo de projeto: em outras palavras, dentro desse local você teria a previsão de que a área seria desmatada, e agora ela está protegida. Isso não significa que o desmatamento sumiu, ele pode ter migrado. Então, queremos evitar que o desmatamento migre para outro lugar, trazendo alternativas de receitas para que os agentes de desmatamento não precisem trabalhar em uma atividade de impacto mais alto”, completa Ricardo.

Imagem de Equipe Systemica

Equipe Systemica

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